André Cavalcante, do TRE/BA, é o primeiro entrevistado para a nova seção do portal da Anajus Perfil do Analista”. Com 23 anos na atividade, ele atua na área administrativa e integra a diretoria da associação

Anajus Notícias
10/10/2019
André Cavalcante

O sonho de um emprego com estabilidade, boa remuneração e aposentadoria integral levou o administrador baiano André Cavalcante, 48 anos, a mergulhar nos estudos, depois de se formar em 1994. Valeu!!! Na própria Bahia, passou em concurso público e  virou analista judiciário da área administrativa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/BA). 

Há alguns anos, ele está dedicado a outro desafio: valorizar a carreira de analista por conta de defasagem salarial em relação a carreiras semelhantes no Executivo e Legislativo e ameaças ao cargo pelo chamado Projeto NS, que eleva, para nível superior, a escolaridade dos técnicos de nível médio. Por isso, é hoje um dos diretores da Associação Nacional dos Analistas do Poder Judiciário e do Ministério Público da União (Anajus).

Há 23 anos no TRE/BA, a  trajetória do analista, natural de Salvador, esteve em boa parte relacionada à preservação dos principais equipamentos da democracia: as urnas eletrônicas. Ele exerceu a presidência da Comissão de Conservação das Urnas no período de 2002 a 2018. 

Também atuou durante 20 anos no suporte aos usuários de Tecnologia da Informação (TI) e durante dois anos trabalhou em cartório eleitoral de Salvador. Atualmente, está na Secretaria de Orçamento do tribunal. Nesse período, aproveitou para se formar Gestão Pública e até chegou a dar aulas em curso sobre gestão de projetos. 

“Analista judiciário da área administrativa pode trabalhar em vários setores, menos os  que exigem formação específica, a exemplo da área fim de direito”, explica André. “Em Orçamento, o conhecimento sobre planilhas ajuda no acompanhamento das receitas e despesas do tribunal”, detalha. E aconselha: “É preciso estar sempre se aprimorando”.

Reavaliação

O analista do TRE/BA atua há 23 na carreira e defende constante capacitação

Após duas décadas na carreira, o analista faz uma reavaliação de sua experiência e as perspectivas. “A profissão tem altos e baixos. É uma profissão boa, mas está sendo desvalorizada”, afirma. Ele próprio ajudou a montar tabela sobre as diferenças salariais entre os analistas judiciários e os analistas do ciclo de gestão do Executivo e do Legislativo. 

A colaboração do analista e de outros colegas preocupados com perdas salariais acumuladas levou a Anajus a encaminhar ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, levantamento apontando que há uma defasagem salarial em desfavor dos analistas em relação ao ciclo de gestão do Executivo, na ordem de 35,11% e 31,68%, no início e no final das duas carreiras. Segundo a entidade, isso estimula o êxodo dos profissionais para o Executivo, o Legislativo e mesmo para a iniciativa privada.

“Se tivesse ficado na iniciativa privada, estaria hoje ganhando mais”, compara, defendendo que a categoria precisa apoiar a Anajus por ser a única entidade nacional dos trabalhadores do Judiciário que defende os interesses dos analistas. Ele próprio saiu do sindicato local genérico dos tralhadores do PJU na Bahia para aderir à Anajus.

E recomenda aos que pensam em entrar para o Judiciário a buscar por outras carreiras públicas com menos servidores no Executivo e no Legislativo. “Há carreiras que têm melhor remuneração e mais chances de aumentos salariais porque o impacto financeiro é menor”, argumenta. Mas, segundo o analista, para quem está na carreira e queira topar o desafio, o caminho é lutar pela valorização do cargo.