Em entrevista para a rádio Jovem Pan News, o presidente disse que conversou com servidores para adiar aumento para 2023; decisão não irá inibir novos protestos e greve geral dos servidores públicos por reposição nos vencimentos

Anajus Notícias
19/01/2022

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (19/1), que o reajuste salarial para servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) está suspenso. O aumento era uma promessa do presidente, feita em dezembro de 2021, com a intenção de privilegiar e recuperar o apoio das forças de segurança.  A afirmação foi feita em entrevista à Jovem Pan News.

“Há um grita, de maneira geral, porque a intenção inicial foi essa, não vou negar, de reservar alguns reajustes para policiais federais, policiais rodoviários federais e do pessoal do Departamento Penitenciário Nacional. Então isso está suspenso. Estamos aguardando o desenlace das ações”, disse o chefe do Executivo federal, sem anunciar a destinação a ser dada aos R$ 1,79 bilhão reservado para o aumento das forças de segurança.

Segundo ele, é possível um reajuste amplo no Orçamento de 2023. “Conversei sobre o Orçamento do ano que vem, mas, por ocasião da feitura do mesmo, sei que está longe, mas obviamente os servidores serão contemplados com o reajuste salarial merecido”, disse .

Em 2021, o chefe do executivo prometeu aos profissionais de segurança pública que o governo reservaria um reajuste à categoria. Entretanto, na entrevista, Bolsonaro disse que a ideia de favorecer as três categorias estava suspensa. “A gente pode fazer justiça com três categorias e não fazer justiça com as demais, eu sei disso! Mas fica aquela velha pergunta a todos, vamos salvar as três categorias, ou vamos sofrer todos no decorrer do ano”, questiona. “Só o tempo vai dizer como será decidido, O que eu não quero é que a gente passe por cometer injustiça perante o servidor público.”, declarou.

Nesta semana, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), se manifestou, afirmando que não há espaço no orçamento para a concessão de reajustes salariais a servidores. O general ainda colocou em dúvida o aumento já prometido a categorias como servidores da Segurança e da Saúde. “Você sabe muito bem que não tem espaço no orçamento para isso, né?”, apontou.

Sem recuo

Durante manifestações a favor do reajuste salarial, realizadas nessa terça-feira (18), os líderes de entidades de servidores públicos apontaram que só uma proposta do governo para negociar evitaria novos dias de paralisação, 25 e 26 de janeiro, e perspectiva de greve geral na segunda quinzena de fevereiro ou ainda em março.

Ao final do protesto, representantes das entidades que integram o Fonasefe – Fórum das Entidades Nacionais do Serviço Público, reuniram-se para avaliar o momento e preparar as próximas etapas da mobilização. A entidade defende:  Reajuste salarial de 19,99% para o conjunto dos servidores públicos federais; 2. Arquivamento da PEC 32 (Reforma Administrativa) e  Revogação da EC 95/2016 (Novo Regime Fiscal que congela gastos por 20 anos.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, tem recebido pressões para enviar ao Congresso Nacional proposta para a recomposição salarial dos servidores, que tiveram o último reajuste em janeiro de 2019. A Anajus (Associação dos Analistas do Poder Judiciário e do Ministério Público da União)  encaminhou à Corte proposta para reduzir a defasagem salarial da categoria com os profissionais do Ciclo de Gestão do Executivo, que gira em torno de 50%, com a criação de estudos para formatar a Lei Orgânica da Carreira de Analista Judiciário.