Um dos líderes do movimento, Rudinei Marques, disse que a mobilização se mantém, mesmo depois de o presidente Jair Bolsonaro haver sinalizado a inclusão de aumento no Orçamento 2023

Anajus Notícias
21/01/2022

Sem nenhum retorno até esta sexta-feira (21) às propostas sobre reposição salarial entregues no Ministério da Economia, na terça-feira (18), os líderes do movimento dos servidores públicos decidiram concentrar as pressões sobre o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Será solicitada uma audiência com ele para o dia 2 de fevereiro.

A mobilização dos servidores permanece com um calendário de atividades até março, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter recuado da ideia de dar reajuste apenas para as forças de segurança. Ele sinalizou inserir reajuste salarial para o funcionalismo no Orçamento de 2023, mas foi criticado porque esse procedimento fere a legislação.

O  foco na Casa Civil deve-se ao fato que o ocupante da pasta,  senador licenciado do Partido Progressistas (PP) do Piauí e um dos principais líderes do “Centrão”, foi promovido por Bolsonaro. Por meio de decreto, Ciro Nogueira ganhou mais poder na execução do Orçamento da União em comparação com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Vamos procurar a Casa Civil, porque parece que a Casa Civil manda mais que o ministro da Economia”, declarou ao site Poder360 o secretário-geral da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal), Sérgio Ronaldo da Silva. 

A entidade é ligada ao Fonasefe ( Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), um dos principais organizadores dos protestos, que representa 80% dos servidores federais.

Não ao congelamento

Na mesma linha, foi a manifestação de Rudinei Marques, presidente da Fonacate (Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado), que representa 20% dos servidores. “Não adianta conversar com quem não tem poder. Então, vamos ver se há condições de diálogo com a Casa Civil”, afirmou.

Segundo Marques, a mobilização dos servidores por reajuste ainda em 2022 se mantém, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que concederá o reajuste em 2023. “A mobilização prossegue, como for possível. Não vamos esperar chegar em 2024 com sete anos de congelamento salarial”, comparou.

De acordo o presidente do Fomcate, não é possível o atual governo prever aumento, pois a Lei Complementar 173, estabelece que o presidente em exercício não pode conceder reajuste que extrapole o tempo de mandato. Segundo ele, essas manifestações públicas mostram que o recado dos servidores foi dado. “Mesmo quem disse que as manifestações foram fracas, tiveram que sair da zona de conforto e se posicionar”, declarou

No ofício entregue no dia 18, os servidores reivindicam reajuste salarial de 19,99% para todos os servidores federais do Legislativo, Executivo e Judiciário. Antes, eles preparam um ato virtual para a próxima quinta-feira (27).

Para o dia 2, também devem serão solicitadas audiências no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional para tratar da mesma pauta de reivindicações.