Servidora finalista do Prêmio Innovare destaca importância da dedicação dos Analistas para o bom funcionamento da prestação de serviços à sociedade
Anajus Notícias
16/10/2020
“Quem decide entrar no serviço público precisa sonhar grande e gostar de implementar mudanças”. É o que defende Rakell Cabral Dimanski, analista do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lotada na Assessoria de Comunicação no Núcleo de Campanhas e Redes Sociais.
Formada em Administração, a servidora integrou no ano passado a equipe que recebeu menção honrosa no Prêmio Innovare, cujo objetivo é identificar, divulgar e difundir inovações que contribuam com o aprimoramento da Justiça no Brasil. Em entrevista para a coluna “Perfil do Analista”, ela enumerou os comportamentos que devem nortear a atuação profissional dos analistas e dos servidores públicos de modo geral.
“É preciso ser disponível, proativo e incansável na função de promover um trabalho de muito qualidade”, recomenda a analista. “Somado a isso, é preciso ser resiliente e saber lidar com as mudanças de gestão. Sendo sempre propositivo e tentando aprender com as transformações”, continuou. É importante, conforme destaca a Analista, ter amor pela profissão para não desistir nas ocasiões em que são apresentadas dificuldades. “Constantes em nosso cotidiano”, avaliou.
Experiência e inovação
Para Rakell, o Analista precisa ter alguma experiência na área em que atua para conseguir oferecer uma visão mais técnica, holística e estratégica. “Atualizar-se sempre e entender as responsabilidades inerentes à função pública, ainda mais quando se está em um cargo em que se exige formação superior”, acrescentou. Na avaliação dela, o Analista precisa entender que o seu papel não é só de apoio, mas de compreensão da função da instituição em que trabalha.
“Acredito que os analistas ainda precisam compreender suas funções e poder de atuação. Vejo que muitos ainda assumem suas carreiras em posição muito passiva; é preciso ainda mais coragem e iniciativa para gerar mudanças, promover inovação e acelerar o desenvolvimento das organizações, e isso passa pela atuação deles. De outra parte, acredito que funções técnicas, quando comprovada a experiência e capacidade, podem ser melhor distribuídas aos analistas”, pontuou.
A servidora vê a importância de um dimensionamento da força de trabalho no serviço público. “Muitos setores com muito volume de trabalho e equipes reduzidas, o que também ocorre no caminho inverso”, comentou destacando a necessidade de atualização dos gestores no campo gerencial, administrativo e tecnológico. “Primordial”, classificou.
Combate às fake news
A analista comemora o fato de integrar a equipe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dedicada ao combate da disseminação das informações falsas, as Fake News, para evitar, principalmente, danos ao processo eleitoral. O órgão tem inclusive estimulado os servidores a participar das discussões acerca do tema, procurando ampliar as ferramentas de fiscalização. “A instituição despertou para a necessidade de ampliar os esforços e aprimorar e aprimorar a dinâmica dos processos envolvidos nele”, comentou.
Idealizada pela Ascom da Corte Eleitoral, a campanha TSE contra Fake News contou ainda com a parceria da Assessoria de Gestão Eleitoral (Agel), da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI), representada pela servidora Adriana Silva, da coordenadora do Núcleo de Rádio e TV do TSE, Ana Paula Ergang, além de Rakell, que hoje atua no Núcleo de Campanhas e Redes Sociais da Ascom. Tribunais Regionais Eleitorais de todo o País também colaboraram.
“Foram muitas áreas envolvidas, como a Secretaria de Tecnologia da Informação e o núcleo web, além dos TREs e instituições, como a Abin [Agência Brasileira de Inteligência], mas um grupo de pessoas atuou fortemente na gestão das crises, produção, distribuição e veiculação dos conteúdos relativos às fake news relacionadas à Justiça Eleitoral e ao sistema eletrônico de votação. Ao todo, foram cinco profissionais engajados nesta ação”, explicou Rakell.
A iniciativa focou o monitoramento da disseminação de desinformação e as respostas elaboradas pelo Comitê de Contrainformação, formado por servidores da Ascom, da Agel e da STI. Diversas entidades colaboraram com o Comitê, entre elas o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Advocacia-Geral da União (AGU).
Esclarecimentos
Entre o primeiro e segundo turnos das Eleições 2018, o TSE criou uma página em seu Portal intitulada “Esclarecimentos sobre Notícias Falsas”, contendo respostas diretas e imediatas aos mais diversos boatos que circulavam pelas redes sociais, sobre supostas denúncias de fraudes e falhas durante o processo eleitoral. Também foram veiculados 14 vídeos e spots de rádio com duração de até um minuto, em linguagem simples e direta. Além disso, foram promovidas publicações coordenadas de conteúdo informativo em diferentes plataformas e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp.
A partir daí, a ação vem sendo desdobrada em diversas iniciativas, como o aprimoramento da página de esclarecimentos, que agora está abrigada no Portal da Justiça Eleitoral, criação de novos vídeos abordando o tema da desinformação, assim como materiais de orientação sobre o assunto. Além disso, num esforço para o enfrentamento do tema nas Eleições Municipais de 2020, a Presidência do TSE lançou em agosto de 2019 o Programa de Enfrentamento à Desinformação.
“A menção no Prêmio Innovare foi reconhecimento por um trabalho extremamente desafiador, desgastante e crítico”, acrescentou a servidora. Para Rakell, servidora pública há 7 anos, o trabalho desenvolvido dialoga diretamente com o dever do Estado. “O dever de prestar contas, sermos ágeis, transparentes e disponíveis. Temos condição de ajudar a melhorar os serviços oferecidos e, consequentemente, a imagem do serviço público”, complementou.
Necessidade e desafio
Rakell ingressou no serviço público como Analista Judiciário no Superior Tribunal Militar, em 2013. “Lá, passei pelas áreas de Licitações, Cerimonial, Planejamento e, finalmente, consegui uma oportunidade na Assessoria de Comunicação, onde auxiliava todos os núcleos, de RP à comunicação interna, onde iniciei os primeiros trabalhos em redes sociais do STM”. Em 2016, a servidora foi nomeada para o TSE, onde passou diretamente a trabalhar na Assessoria de Comunicação. “Em 2016 trabalhei na comunicação interna e no ano seguinte fui designada para o das redes sociais do TSE”, comentou.
O interesse pelo serviço público surgiu porque o noivo de Rakell foi aprovado em um concurso na capital federal, e ela decidiu o acompanhá-lo. “Decidimos, juntos, vir morar aqui, onde optei por ingressar no serviço público – por incentivo dele. Não era um sonho, partiu mais de uma necessidade e um desafio mesmo”, explicou a homenageada, que precisou abdicar de muitas questões pessoais para ser ingressar no funcionalismo de Estado, como o próprio emprego e momentos de lazer. “Essencial para a minha entrega no processo de estudos, por pelo menos três anos, entre 2009 e 2012. Tentei grandes concursos como MPU, Senado Federal, Câmara dos Deputados, CGU, Abin, Aneel e carreiras jurídicas”, detalhou.
Rakell é formada em Administração, mas trabalhou sempre nas áreas de comunicação. Na iniciativa privada teve passagens pelos setores nas empresas Vale e Unimed Vitória. “Como estagiária e profissional contratada”, contou. A servidora sempre teve apreço profissional pelo jornalismo, pela publicidade e pelas relações públicas. Antes de ingressar na faculdade, a capixaba tentou vestibular na Universidade Federal do Espírito Santo para jornalismo, mas não foi aprovada. “Era difícil conciliar o pré-vestibular com o estágio, que eu já fazia. Decidi não esperar pelo próximo ano e me matriculei em uma faculdade privada (Estácio de Sá de Vitória), no curso de Administração, onde me formei em 2007”, pontuou.
A opção por começar logo a faculdade era pela necessidade de encontrar um bom emprego e poder pagar pelos estudos sem onerar tanto as despesas da casa dos pais. “Meus pais são capixabas, mas suas famílias vieram do interior do Estado. São de origem muito humilde; minha mãe cursou até o Ensino Médio e meu pai formou-se no Técnico, como eletricista”, explicou. “Além disso, a relação com minha mãe sempre foi muito amigável, mas quando perdi meu pai, em 2006, já não nos falávamos mais devido às diferenças que tínhamos”, acrescentou.
O interesse da servidora pela comunicação começou logo cedo, na escola. Rakell passou por instituições públicas e privadas de ensino, sempre mantendo o interesse pelas atividades artísticas, como a dança, a poesia e as artes visuais. Além disso, gostava bastante dos conteúdos ensinados nas aulas de História, Geografia e Biologia. “E tenho certeza que isso tudo contribuiu bastante para a minha formação profissional e pessoal”, contou Rakell, lembrando inclusive que não sonhava em ingressar no serviço público.