Governo deixa reforma administrativa de fora das prioridades de 2020

O texto, prometido pelo presidente Jair Bolsonaro no fim do ano, teve o envio adiado por medo de manifestações populares e até agora não foi encaminhado para o Legislativo debater.

VALOR ECONÔMICO
03/02/2020

Mensagem do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso citou projetos de destaque, como a independência do Banco Central, e omitiu a reforma no funcionalismo A mensagem presidencial entregue nesta segunda-feira ao Congresso com as prioridades do governo para este ano deixou de fora um dos temas defendidos pela equipe econômica: a reforma administrativa, que mudará regras para a evolução das carreiras dos servidores públicos federais que ingressarão no funcionalismo a partir da promulgação da proposta de emenda constitucional (PEC). O texto, prometido pelo presidente Jair Bolsonaro no fim do ano, teve o envio adiado por medo de manifestações populares e até agora não foi encaminhado para o Legislativo debater.

Na mensagem enviada nesta segunda-feira, por ocasião da reabertura dos trabalhos do Congresso, Bolsonaro defendeu a necessidade de votação dos projetos de privatização da Eletrobras, do programa Verde-Amarelo, da reforma tributária e da independência fiscal, entre outros. A mensagem foi levada ao Legislativo pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Maia defende aprovação de reformas administrativa e tributária

Reformas devem sair no 1º semestre, diz Fernando Bezerra

Na abertura do ano, reforma tributária é prioridade

A PEC da reforma administrativa, em gestação na equipe econômica, ficou de fora da lista. O projeto aparece apenas uma vez no documento de 150 páginas, quando a Secretária de Comunicação (Secom) lista as campanhas publicitárias planejadas para este ano para defender ações do governo.

Segundo Lorenzoni, a reforma administrativa está “no contexto” da mensagem: “Ela está no contexto de que nós continuaremos reformando o Brasil”, afirmou Onyx. “O ministro [da Economia] Paulo Guedes e várias outras pessoas do governo já falaram que deverá vir uma PEC conceitual, tratando da reforma administrativa para os novos funcionários.”

Segundo Onyx, o que o governo Bolsonaro pretende “construir no Brasil é um Civil Service”, ou seja, “um serviço público no padrão inglês”, explicou. “Claro, hoje é apenas um sonho, um objetivo. Mas nós vamos lançar as bases para construir isso. [Um serviço] despartidarizado, focado na cidadania e construindo um setor público ágil, eficiente e que responda de verdade as demandas na sociedade brasileira”, afirmou.

Em evento com empresários em São Paulo, nesta segunda-feira, Bolsonaro afirmou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, será protagonista na aprovação das reformas tributária e administrativa.

Bolsonaro apresentou hoje mensagem presidencial com as prioridades para o Legislativo em 2020

Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O texto presidencial foi lido pela primeira-secretária do Congresso, deputada Soraya Santos (PL-RJ), e cita uma série de destaques do Legislativo.

“Outros projetos em tramitação em nosso Parlamento, ao longo deste ano de 2020, precisam da devida apreciação e votação, de modo que o Estado atenda às legítimas aspirações da sociedade brasileira, registrando marcos históricos de conquistas, dentre os quais podemos citar o projeto da reforma tributária, do Contribuinte Legal, do Programa Verde-Amarelo, da independência do Banco Central, da privatização da Eletrobras, do Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal, do Novo Marco Legal do Saneamento e do Plano Mais Brasil, composto pelas PECs Emergencial, do Pacto Federativo e dos Fundos Públicos.”

Em 2019, segundo a mensagem de Bolsonaro, houve melhoria na geração de empregos e renda. E a aprovação da reforma da Previdência “foi sinal de que existe entrosamento entre Poderes em prol do Brasil” e agora “temos orgulho de apresentar um novo Brasil”, onde começou a se pavimentar o “caminho da prosperidade”.

O texto também elenca projetos na área de infraestrutura, com potencial de trazer desenvolvimento para o país.

“O governo atuou em quase 300 projetos considerados prioridade nacional nos setores de transportes, energia elétrica, petróleo e gás natural, parques nacionais, defesa, segurança pública, educação, saúde, telecomunicações, desenvolvimento regional, licenciamento ambiental e desestatizações de empresas públicas. Esse conjunto abrange um potencial de mais de R$ 900 bilhões em investimentos a serem realizados durante os períodos dos contratos nos próximos 30 anos”, afirma o texto.

Além dos projetos em tramitação no Congresso e das medidas na área de infraestrutura, a mensagem destaca que, em 2020, o governo seguirá com o processo de acessão do Brasil à OCDE, esforços para aumentar fluxos globais de comércio e incentivo ao potencial econômico do Meio Ambiente.

Para a notícia na fonte, clique AQUI.