Diretoria amplia, para todas as posições divergentes, a censura imposta ao autor de artigo contra o Projeto NS, que eleva, para superior, a escolaridade de 82 mil técnicos de nível médio.

Anajus Notícias
29/04/2019

Analista do MPDFT teve artigo censurado e alertou sobre o “caminho perigoso” traçado pela Federação dos servidores / Foto: reprodução de vídeo

Em frontal ataque à liberdade de expressão de seus associados, a direção da Fenajufe aprovou, na sexta-feira passada, dia 26, uma espécie de mordaça para tentar impedir  manifestações contra o Projeto NS. Trata-se de pauta da entidade que há dois anos vem sendo chamada pela mídia nacional como ‘trem-bala da alegria’ por elevar, para nível superior e sem concurso público, a escolaridade de 82 mil técnicos de nível médio.

Após retirar do site da entidade o artigo de autoria do analista Guilherme Silva, do MPDFT, a direção da entidade foi além dos limites da democracia. Ampliou a censura adotada ao texto e criou, por maioria, “a regra de impedir publicações que atentem contra deliberações da categoria, como é o caso do NS”, conforme divulgou em informativo.

No artigo CENSURADO pela Fenajufe, Guilherme Silva divulga levantamento inédito sobre o nível de escolaridade dos técnicos do PJU/MPU e destrói o falso argumento de que 95% dos novos técnicos toma posse já com a graduação completa. Isso só acontece com 71%, aponta o texto, que calcula ainda quantos técnicos teriam deixado de assumir e sofreriam perda salarial, caso o projeto já estivesse em vigor.

O artigo Levantamento inédito escancara fake news do Projeto NS passou quase 18 horas no site da Fenajufe, onde poderia ser acessad o por este link http://bit.ly/2L63yl4 . Foi postado às 16h53 e retirado no dia seguinte antes das 11h, quando o autor cobrou explicações sobre a retirada do material.

Em resposta, o jornalista Luciano Beregeno, da Assessoria de Comunicação da Fenajufe, explicou que  a publicação do artigo estava em discussão na diretoria, objeto de consulta executiva proposta por Vicente de Paulo da Silva Sousa, da Coordenação de Imprensa e Comunicação.Mais tarde, Beregeno retificou a informação apontando que a consulta fora proposta por outro integrante da diretoria, o suplente José Everson Nogueira Reis.

Mesmo com desencontros internos, a decisão da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União) foi tomada na véspera do início do congresso nacional da entidade, que será realizado até o feriado do dia 1º de Maio no município de Águas de Lindóia, no interior de São Paulo.

Caminho perigoso

Mesmo diante de uma plateia, em sua maioria hostil à sua proposta, o autor do artigo alertou a categoria sobre a gravidade da decisão da Fenajufe.

Entre vaias e aplausos, ele disse: “A partir do momento em que é tolhida a possibilidade de livre manifestação de ideias, nós estamos indo para um caminho perigoso, que é o caminho da censura. Se hoje é uma ideia minha, amanhã pode ser uma ideia de cada um dos senhores”.

O analista comparou a iniciativa da entidade à censura que ministros do Supremo Tribunal Federal está tentando impor aos que se manifestam nas redes sociais contra a Corte.

O autor recebeu apoio de colegas e até de integrantes da diretoria e recorreu da decisão ao plenário, onde também por maioria os delegados aprovaram a implantação da mordaça, da censura e do cercamento ao debate no site da Federação.

Tanto a decisão da diretoria quando a do plenário foram inócuas. Momentos após a revelação da censura por uma entidade que se diz democrática, o artigo foi publicado no site da Anajus (Associação Nacional dos Analistas do Judiciário e do Ministério Público da União), cujo slogan é “A Casa do Analista”.

Além disso, o analista já havia publicado artigos semelhantes nos sites da Anajus e da Fenajufe, enquanto concluía o levamento junto a todos os órgão do PJU e MPU.