A analista judiciária Luísa Petterman, lotada em Vara da Previdência, defende que o funcionalismo seja valorizado em resposta aos ataques diários nas redes sociais porque garante o acesso da população a direitos importantes e que por isso deveria ter mais credibilidade junto à população
Anajus Notícias
23/09/2020
Os servidores públicos precisam ser reconhecidos e valorizados, pois prestam serviços essenciais que garantem o acesso da população a seus próprios direitos. É o que defende Luísa Petermann, analista judiciária aprovada em 1º lugar no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no concurso realizado em agosto de 2019. Desde então percebe que a categoria e suas atividades são alvo de ataques diários e descabidos nas redes sociais.
“Vejo, diariamente, muitas notícias sem qualquer fundamento ou mesmo inverídicas questionando o Judiciário, os servidores e o serviço público como um todo nas redes sociais. Essas notícias acabam por influenciar uma parte da população a ficar contra os servidores e algumas instituições públicas”, avalia a servidora, em entrevista para a coluna “Perfil do Analista”.
“Como analista lotada em uma Vara Previdenciária, vejo como nossos trabalhos, como servidores públicos federais, garantem o acesso de direitos a muitas pessoas. Nossa função deveria ser reconhecida dessa forma”, acrescentou. “E quando se constata que a pessoa tem, de fato, direito ao benefício, é extremamente gratificante poder devolver a ela”, comentou a servidora.
Natural de Santa Catarina, Luísa, que tem 23 anos, atua no setor desde que tomou posse. Para ela, a Vara é fundamental para o funcionamento do Poder Judiciário, por ajudar, por exemplo, cidadãos a reverter o indeferimento do benefício previdenciário, ocorrido por via administrativa.
Determinação e vocação
A determinação de passar em concurso para exercer a carreira pública marca a trajetória da analista. A primeira experiência foi ter sido aprovada para o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) como oficial da Infância e da Juventude, mas não chegou a ocupar o cargo. Ela foi aprovada antes de concluir a faculdade de direito, que concluiu em 2018 conseguindo, logo em seguida, a carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“No final da faculdade, decidi prestar a prova da OAB para poder conciliar os estudos para concurso com um trabalho, pois não sabia quando conseguiria me tornar servidora pública. Logo depois de estar aprovada na OAB, saiu o edital do concurso do TJSC”, explicou. “Acredito que, para ser aprovado no concurso, é necessário ter mais determinação do que vocação. Contudo, a vocação é essencial para desenvolvermos o nosso trabalho”, acrescentou.
Herança
Luísa decidiu pela carreira pública ainda no colégio e cursou a faculdade de direito com esse objetivo. O maior estímulo, segundo ela, veio da mãe, que de família simples, conseguiu melhorar de vida graças ao serviço público, tendo ingressado na carreira aos 21 anos, primeiro no Instituto Nacional de Seguridade Social e, posteriormente, no Banco do Brasil.
“Comecei a estudar focada para Analista Judiciário de Tribunal Federal em janeiro de 2019. Nessa etapa, eu tinha o dia inteiro livre para estudar, e de segunda a quinta tinha aula de Pós-Graduação no período noturno. De janeiro a junho, estudei uma média de seis horas líquidas de segunda a sexta, com aulas em PDFs, lei seca e muitas questões. Os finais de semana eram de descanso. Em julho, último mês antes da prova, estava de férias da Pós-Graduação e minha rotina de estudos ficou ainda mais puxada. Minha média era de oito horas líquidas de estudo, mais cheguei a fazer dez horas líquidas. Nesse último mês foquei em revisões e questões, fazia pouco mais de duas mil questões por semana, também foquei bastante nas questões discursivas”, prosseguiu a analista.
O melhor lugar
O objetivo de Luísa era ser aprovada em primeiro lugar do concurso para continuar na cidade onde nasceu e morou toda a vida, Balneário Camburiú, região com um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. “Como no concurso de 2014 apenas DOIS analistas foram nomeados para essa região, estudei para passar em primeiro lugar. Estudamos para ser nomeados, e não simplesmente aprovados, pois ser aprovado não garante a nomeação”, sublinhou.
Além de passar para o cargo de analista judiciária, Luísa também alcançou em quarto lugar para Técnico Judiciário do TRF 4 também na região de Itajaí/SC.
“O fato de saber que eu tinha que ficar muito bem posicionada para ser, de fato, nomeada, fez com que eu me comprometesse comigo mesmo para esse concurso, eu batia minhas metas de estudo e ainda fazia uma meta extra. Atualmente, os concursos públicos estão muito concorridos e há muito material bom de fácil acesso. Não basta mais estudar algumas horas e responder algumas questões. Para ser nomeado é necessário ter estratégias de estudo, foco e muita determinação”.
O medo de não estar seguindo o melhor caminho e a incerteza sobre quando viria a aprovação, segundo Luísa, foram os maiores obstáculos. “Acredito que para ser aprovado no concurso, é necessário ter mais determinação do que vocação. Contudo, a vocação é essencial para desenvolvermos o nosso trabalho”.
Foi assim que Luísa Petermann conseguiu o 1º lugar para ficar no lugar em que escolheu para viver e trabalhar.