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ESTRATÉGIA CONCURSOS
10/02/2019


Sou Paulo Henrique Alves de Andrade, Procurador Federal na AGU e 
coach do Estratégia Concursos.

O título deste artigo é sugestivo: apresentar-me um pouco e relatar, de forma sucinta, a rotina de minha aprovação e de luta nos concursos pelos quais concorri.

Após a leitura, saberão que não existem fórmulas mágicas para aprovação nos concursos públicos, mas que existe aquilo que chamo de “DDPH” (disciplina, dedicação, persistência e humildade).

Acompanhem-me nesta narrativa, salientando que cada pessoa tem sua história e jamais pode negligenciá-la. Pretendo apenas relatar um pouco de minha trajetória, e se puder influenciar alguma pessoa (como fui pela leitura de diversos artigos), terei feito meu papel.

Pois bem.

Nasci de uma família pobre no interior do Piauí, município de Barras. Comecei a estudar na escola pública do interior, distante 36 km da cidade, sem quase nada, só mesmo a merenda escolar para passar o tempo. Sem muitas pretensões, sonhava em ser motorista de caminhão (obs: hoje a vontade ainda persiste).

Livros: não me lembro de receber algum no ensino infantil.

Na 5ª série do ensino fundamental, fui morar na cidade com minha irmã, com o objetivo de continuar os estudos. Estudei o ensino fundamental e médio em escolas públicas. Aos 13 anos tive que trabalhar para ajudar na despesa de casa.

Adivinhem onde fui trabalhar: limpando ônibus, varrendo chão depois das viagens, bem como realizando a manutenção nos motores, pneus, etc.

Vejam que tudo caminhava para aquele velho sonho: ser motorista, pois já trabalhava em ônibus. Pensava comigo: será isso mesmo? Não reclamava da vida, pois naquele tempo havia um conselho de meu pai que eu seguia: “quem tem medo de viver, não nasce”. Fui entender isso mais tarde!

No ensino médio, não tinha muita ideia do que faria: resolvi tentar o vestibular em Direito, na hora da inscrição, na Universidade estadual e na Federal (UFPI), pois tinha maior afinidade com matérias de humanas.

Lembro-me aqui de uma passagem interessante: falei que queria passar em Direito a algumas pessoas e elas retrucaram: tem certeza que vai passar? Aquilo ficava martelando na minha cabeça e foi mais um incentivo para o estudo.

Precisava, assim, provar para muitos que passaria. Estudava 10/12 horas por dia. Inexistiam férias.

Para surpresa minha e de muitos, passei em 2º lugar na Estadual (geral) e 3º na federal (cotistas, escola pública). Naquele tempo, na federal eram apenas 5% das vagas para escola pública. Assim, não tinha muito escolha: estudar, estudar e estudar.

Aprovado, pensei assim: onde vou morar. Não conheço ninguém, não tenho parentes, amigos, colegas, na capital. Meus pais não podiam ajudar, pois estavam na roça e só ganhavam algo para comer.

Novamente, pensei no conselho de pai: “quem tem medo de viver, não nasce”. Fui, portanto, fazer o curso de Direito com a famosa CC: cara e coragem.

Depois de muita luta, consegui uma pessoa que me ajudou na capital e passei a morar com ele, distante uns 10 km da UFPI, dividindo as tarefas de casa e ajudando no que podia.

Só um detalhe: não tinha estágio e precisava ir às aulas. O problema era que inexistia qualquer centavo para pagar as passagens, o que acabou gerando a necessidade de morar perto da UFPI. Relembro-me de que no primeiro dia de aula me perdi no percurso do ônibus e cheguei depois das 12 horas da noite em casa. Além disso, para não perder aula, fui algumas vezes a Universidade caminhando (uns 10 km, mais ou menos só de ida).

Assim, fiz um processo seletivo para morar na residência universitária (República) da UFPI. Por incrível que pareça, não fui selecionado na primeira chamada e fiquei no cadastrado de reserva: pensei comigo, quais as pessoas que estavam mais necessitadas do que eu? Num é possível.

Fiquei aguardando me chamarem, mas não vinha nada. A situação financeira ficou difícil e acabei indo ao setor de serviço social da República e falei: ou moro na residência ou vou trancar o curso e voltar ao interior. Depois disso, consegui me mudar para a República estudantil (essa convivência na República será objeto de outro post).

O curso de Direito foi uma verdadeira saga: não tinha dinheiro para nada nos períodos iniciais, estágio somente a partir do 5º período. Para se manter, contei com a ajuda de familiares e de vários amigos e colegas da sala que me ajudavam: doavam livros, material, pagavam lanches, inscrições em congresso, etc.

Ou seja, ninguém consegue nada sozinho: sempre fui ajudado por familiares, amigos, colegas, etc. Essa situação me pressionava, pois tais pessoas tinham confiança em mim e eu precisava mostrar resultados.

Aqui começam os estágios: fui aprovado na Defensoria estadual (passei uns 6 meses), Ministério Público Estadual (não pude assumir, pois estava no 4º período), AGU (não quis ir, pois a bolsa era baixa), Justiça Federal (passei 1 mês, eu era o menino carimbador) e MPF (passei 2 anos).

O mais estranho era que não gostava de fazer concursos. Achava meio estranho. Queria concluir uma graduação boa e pensava, de forma equivocada, que o concurso iria me atrapalhar. Meus colegas viviam, grande parte, estudando para concurso e eu lendo um monte de livro da biblioteca.

Mesmo avesso aos concursos, mudei de ideia a partir do 8º período e passei a fazê-los. No exame da Ordem, passei no 9º período (novamente com a ajuda, como se diz no nordeste, de uma penca de pessoas).

No último período do curso, tive uma perda irreparável: minha irmã, que sempre me ajudou, faleceu aos 34 anos. Aquilo me deixou triste, pois ela me incentivava quando pensava em desistir (e foram muitos tropeços).

Não obstante, precisava continuar a vida e demonstrar para meus pais, colegas, amigos e familiares que poderia vencer na vida (no meu interior, alguns diziam que não passaria no exame da ordem).

Por fim, quanto ao curso, consegui terminar, em maio de 2013, depois de muita luta e ajuda de várias pessoas.

Prosseguindo, passei a fazer os concursos a partir do 8º período. Foram tantas reprovações que nem vou falar a quantidade. Cada derrota, contudo, me ensinou uma coisa: precisava melhorá certa matéria, assunto, mudar a forma de estudo, fazer questões, etccc.

Fiz o concurso do MPU (técnico na área administrativa) para Brasília (sempre tive o fascínio pela capital federal) e acabei sendo classificado. Nesse período, durante o curso, também fiz o concurso de Analista Judiciária, área judiciária, do TJDFT. Fui aprovado, acho que em 78, e fiquei aguardando nomeação. Com relação a este concurso de analista, que acabei assumindo o cargo em junho de 2014, farei outro post, pois a viagem a Brasília e a aprovação foi um história de colocar em livros.

Concorri ainda para Procurador do DF e para Procuradoria Geral Federal. Queria passar para o DF (Procurador). Só existia um problema: não tinha dinheiro para pagar a passagem de avião ou de ônibus. Não fui, então. Mas aqui, pensei: vou prestar a prova da PGF, pois a prova é na capital onde moro e aproveito o estudo que fiz para a PGDF.

Depois das etapas da PGF, conseguiu a aprovação para o cargo que hoje ocupo: Procurador Federal.

Depois, com a carteira da Ordem em mãos, fui advogar, pois nenhum dos concursos em que obtive aprovação me convocaram naquele momento. Advoguei por quase 1 ano (julho de 2013 a fevereiro de 2014), especialmente na área trabalhista: fiz muitas audiências, briguei, num bom sentido, com alguns juízes. Isso me ajudou depois no cargo de Procurador, pois conheço os dois lados (advocacia privada e pública).

Em março de 2014, fui nomeado para o cargo de técnico no MPU e, em junho daquele ano, para Analista Judiciário do TJDFT. Em 2016, dia 06 de maio, tomei posse na PGF, como Procurador Federal.

Após todo esse relato, é crível se fazer uma pergunta: mas como houve tais aprovações? Qual o método de estudo? Quantas horas líquidas diárias? Qual o material? Essas questões são naturais no mundo dos concursos e eu sempre as fazia quando de meu caminho de estudo. Gostava de ler vários artigos de aprovados para verificar essas questões e como meio de incentivo.

Não há formulas mágicas. Na universidade, após resolver fazer concurso, tinha tempo só para o estágio e os estudos. Assim, estudava umas 8 a 10 horas diárias. Estudava aqui duas ou três matérias por dia, sempre fazendo a base dos concursos. As revisões fazia por meio de questões de concursos anteriores.

Era muito disciplinado nos estudos para os concursos. Se sentasse, não me levantava, salvo na hora dos intervalos. Feriados e finais de semana eram tempo de estudo. A disciplina trazia a dedicação.


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