Artigo de opinião: O verdadeiro fosso remuneratório: a desvalorização dos Analistas do PJU/MPU frente a carreiras equivalentes
Por: Moisés Januário da Silva Almeida
Analista Judiciário – Área Judiciária do TRE/MG
O Coletivo Nacional da Fenajufe de Analistas (CONAN) se reunirá no próximo mês de outubro, em Brasília-DF, para tratar de assuntos relevantes à carreira de Analista Judiciário. Entre as diversas pautas que serão discutidas no encontro, destaca-se o tema proposto neste artigo: a desvalorização do Analista Judiciário em comparação aos Analistas de outros órgãos federais.
A carreira de Analista Judiciário do Poder Judiciário da União (PJU) é marcada por elevada complexidade, responsabilidade técnica e exigência de qualificação, conforme expressamente previsto no artigo 4º, inciso I, da Lei 11.416, de 2006. O operador do direito, desde os primeiros semestres da faculdade, aprende que a lei não contém palavras inúteis — e, ao atribuir ao Analista Judiciário tarefas de elevado grau de complexidade, o legislador reforça o princípio da máxima efetividade, segundo o qual cada termo legal possui função e significado.
Esse princípio deve nortear os debates sobre reconhecimento de atribuições, direitos e deveres dos servidores do Judiciário. Se a lei distingue funções entre analistas e técnicos, cada palavra deve ser interpretada com peso — inclusive nos debates sobre estrutura de carreira e política remuneratória.
Apesar de suas atribuições serem comparáveis às de analistas de outros poderes — como Executivo e Legislativo —, a remuneração oferecida aos Analistas do PJU revela uma crescente desvalorização que compromete a atratividade e a competitividade da carreira.
O cenário atual é alarmante: o Analista Judiciário do PJU ocupa a última posição (21ª) na estrutura remuneratória entre Analistas dos diversos órgãos federais — conforme demonstrado na tabela e gráfico abaixo.
Em 2025, por exemplo, a remuneração final de um Analista Judiciário no padrão C-13 é de R$ 22.301,14. Por outro lado, carreiras equivalentes — como Analistas do Banco Central, CVM e SUSEP — já alcançam R$ 29.832,94, com previsão de aumento para R$ 36.694,00 em 2026. Essa disparidade salarial, no entanto, não encontra respaldo nas atribuições funcionais, que são substancialmente equivalentes em termos de complexidade, responsabilidade e exigência técnica.
Tabela Comparativa de Salários Brutos Finais:
Análise Gráfica da Disparidade Salarial
Seguindo o raciocínio, o gráfico abaixo ilustra visualmente o fosso remuneratório entre os Analistas do PJU e os de outras carreiras públicas. A barra vermelha destaca o PJU, evidenciando sua posição inferior em relação às demais carreiras.


Essa diferença é evidenciada no gráfico comparativo a seguir:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/Mpv/mpv1286.htm
• Decreto nº 11.938, de 2024 – Poder Executivo –
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=DEC&numero=11938&ano=2024&ato=93bg3YE1ENZpWTbb1
• Lei nº 14.523, de 2023 – Poder Judiciário –
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14523.htm
• Lei nº 14.526, de 2023 – Senado Federal –
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14526.htm
• Lei nº 14.527, de 2023 – Tribunal de Contas da União (TCU) –
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14527.htm
• Lei nº 14.528, de 2023 – Câmara dos Deputados –
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/L14528.htm