Pesquisa mostrou que 82% dos servidores gostariam de passar ao menos um dia da semana em teletrabalho. Novas regras entraram em vigor em setembro
Infomoney
04/09/2020
O resultado de um estudo feito com cerca de 45 mil trabalhadores em diversos países (sendo 30 mil dos respondentes funcionários públicos brasileiros) mostrou que o trabalho remoto pode ser produtivo — tanto na esfera privada quanto na pública — e ajudou a estabelecer as regras a respeito do teletrabalho para servidores federais no país.
A pesquisa, feita a partir de uma parceria da Enap (Escola Nacional de Administração Pública) com o Center for Advanced Hindsight Government, do professor e economista Dan Ariely, nos Estados Unidos, ajudou o Ministério da Economia a desenhar a Instrução Normativa nº 65, que entrou em vigor em 1º de setembro.
As novas regras vieram poucos meses depois de o trabalho remoto se tornar realidade para mais da metade dos servidores públicos federais. Durante a pandemia, 360 mil dos 601 mil servidores federais adotaram o teletrabalho, resultando em uma economia de R$ 1 bilhão, entre abril e agosto.
“Todos foram tomados de surpresa e precisaram fazer uma virada de chave rápida. A gente tinha alguns órgãos que já utilizavam o teletrabalho, mas era exceção. Conseguimos manter o equilíbrio entre a prestação de serviço público e a proteção da vida dos servidores públicos federais”, conta o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Wagner Lenhart.
Uma descoberta importante sobre o trabalho remoto foi a opinião dos servidores federais sobre o home office. “A pesquisa trouxe essa percepção do desejo de manter o trabalho remoto, parcial ou integralmente, mesmo quando se voltar à normalidade”, fala Lenhart.
A pesquisa feita com os servidores mostrou que 82% dos entrevistados gostariam de passar ao menos um dia da semana (20% do tempo) em esquema de teletrabalho. Cerca de dois terços (65%) dos trabalhadores responderam concordar com a frase “No futuro, vou pedir permissão para teletrabalho”.
A pesquisa ainda detectou que as pessoas estão um pouco menos produtivas durante a pandemia e que o autocontrole é um dos fatores que ajuda a ter sucesso.
O clima organizacional também é bastante importante. Aqueles que sentem um alto nível de apoio da organização para o trabalho remoto se tornaram mais eficientes durante a pandemia e os que percebem um alto nível de confiança do supervisor se mostraram mais eficientes e trabalharam mais.
“Nós perguntamos o quanto eles se sentiam apoiados por suas empresas. Uma implicação clara é que esse senso de apoio – oferecer ao empregado suporte, mostrar que a empresa está lá por ele navegando pelos desafios – tem grande impacto na produtividade. De uma maneira mais tangível, também perguntamos sobre a questão tecnológica e descobrimos que quanto mais recurso tecnológico a pessoa tem, maior a produtividade. Isso sugere que investir em bons aparelhos traz benefícios”, afirma Joseph Sherlock, pesquisador comportamental sênior e chefe do Center for Advanced Hindsight Government, responsável pela pesquisa.
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