Alexandre Farina Lopes e Carlos Alexandre Gutmann estão afastados das funções por suspeita de venda de uma sentença de 2017. Eles negam irregularidades. Empresário e um outro homem também tiveram as prisões decretadas
Anajus Notícias com sites
29/7/2021
O colegiado do Tribunal de Justiça do Espírito Santo decretou a prisão preventiva dos juízes Alexandre Farina Lopes e Carlos Alexande Gutmann. A decisão foi provocada por denúncia do Ministério Público que aponta que os dois supostamente integram um esquema de venda de sentença. A decisão é desta quinta-feira (29/7).
A maioria dos desembargadores acompanhou voto da relatora, desembargadora Elisabeth Lordes, que defendeu a necessidade de prisão dos juízes sob o fundamento de que representam risco à continuidade das investigações. Dos 20 desembargadores, 19 acompanharam a relatora e um se absteve por motivos pessoais. As defesas dos juízes negam que eles tenham cometido irregularidades.
Além dos juízes, também tiveram prisão preventiva decretada o empresário Eudes Cecato e o ex-funcionário da Associação de Magistrados do Espírito Santo Davi Ferreira da Gama.
A sentença que teria sido vendida é de 2017. A suspeita sobre o caso surgiu durante investigação do assassinato da médica Milena Gottardi. O ex-marido da profissional foi apontado como mandante do crime.
Em depoimento, o assassino confesso teria afirmado que o ex-marido — que é ex-policial civil — manifestou o desejo de que o crime fosse cometido em determinada localidade onde teria um “juiz amigo”. Ao investigar o caso, chegou-se ao nome de um dos juízes.
Com a decisão, os juízes serão levados a uma sala de estado maior, no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, na capital capixaba. Os outros dois presos serão encaminhados para um presídio comum.
A defesa do juiz Alexandre Farina enviou manifestação à imprensa. Leia abaixo:
“A decisão do tribunal pleno foi uma surpresa, tendo em vista que o inquérito visa apurar fatos de 2017 e que, portanto, não possuem contemporaneidade para uma medida tão drástica como uma cautelar penal, sobretudo porque o juiz Alexandre Farina em nada contribuiu para essa situação. De toda sorte, como ainda não foi nos dado acesso e nem intimados, não temos condições de analisá-la de forma mais acurada, mas assim que uma coisa ou outra acontecer iremos tomar as medidas necessárias. Farina continua à disposição da Justiça capixaba, como sempre esteve e como tem se portado nesses mais de 18 anos dedicados à magistratura, ou seja, com todo o respeito necessário ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo”, diz a nota assinada pelos advogados da defesa do juiz Alexandre Farina.