A conexão ilimitada não pode servir de pretexto para superiores sem noção se acharem no direito de incomodar profissionais que estão gozando o sagrado e salutar período de repouso e lazer
Artigo
14/12/2021
A Anajus recebeu e divulga o áudio de desabafo de uma servidora do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) que resolveu colocar a boca no trombone em um áudio distribuído via WhatsApp. Ela se manifestou revoltada e insatisfeita por ter sido perturbada por chefes sem noção durante o sagrado e salutar período de férias das atividades profissionais.
Após esperar um ano e meio para curtir esse direito, ela contou que ficou sendo incomodada, durante boa parte das férias, ao receber exigências de atividades do trabalho, por meio mensagens pelo WhatsApp e até ligações por celular. Quer apenas que espere seu retorno no próximo dia 20.
“Até quando seremos tratados com descaso e falta de respeito pelos tribunais?”, indignou-se a servidora, em áudio de dois minutos que distribuiu pelo sistema de comunicações imediatas mais popular do mundo. E recomendou que os próprios analistas em cargos de chefia e as autoridades do Judiciário devem respeitar as férias dos colegas.
Veja a transcrição do áudio:
“Eu estou de férias, trabalhei o ano todo, dei tudo de mim. Fiz o que esteve ao meu alcance. Só que eu estou de férias. É supervisor ligando pra mim, passando recado. Até o dia 19 de dezembro, eu estou de férias. Será que alguém pode respeitar esse período de férias que eu estou esperando há um ano e meio para tirar? Eu estou na casa da minha família, estou aqui na Bahia na casa da minha mãe. Eu acho que não tenho que ficar recebendo recadinho do WhatsApp de chefia nem da inspetoria. Certo? É o meu direito de ficar de férias. Se eu for voltar para presencial, se eu for ficar de home office, isso aí, a gente, dá pra esperar até o dia 20. Agora eu não tenho. Que ficar respondendo recadinho da chefia. Isso aí é uma afronta para minha pessoa. É tirar o meu direito de descanso. E eu não estou gostando disso. E eu como servidora pública tenho o direito de reclamar. E eu vou abrir a minha boca e vou falar. Se quiserem me colocar à disposição, fiquem à vontade! Só que o meu período de férias é sagrado. Eu não devo nada à Justiça, nada que desabone a minha integridade como pessoa e como servidora. Mas acho que não tenho que ficar recebendo recado de ninguém em meu período de férias. Eu estou em descanso. Será que alguém pode me respeitar, por favor?”