Hingrid Hibari Almeida Hashimoto e Matheus Augusto Sartorio Alves foram aprovados no concurso para o cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa. Acompanharam de perto a tramitação e a aprovação do PL 4303/2021 e, agora, aguardam com expectativa a sanção presidencial para que possam ser nomeados e assumir suas funções. Nesta entrevista à ANAJUS, eles compartilham suas trajetórias marcadas por esforço, resiliência e dedicação, e seguem confiantes de que a tão sonhada nomeação está próxima.
ANAJUS – Como surgiu o seu interesse pelo cargo de analista judiciário? O que mais te atrai nessa carreira?
Hingrid – Meu interesse pelo cargo de analista judiciário surgiu ainda na faculdade. Um ponto que sempre valorizei foi a possibilidade de atuar em diferentes frentes dentro do Tribunal, o que me permitiria desenvolver novas habilidades e descobrir outros interesses, sem precisar sair do órgão. Mais especificamente sobre o STJ, soube por meio de conhecidos da qualidade do ambiente de trabalho, o que me incentivou ainda mais a me dedicar ao concurso. Além disso, tendo em vista as particularidades do momento (ausência de oferta do cargo de técnico administrativo e necessidade da recomposição da área meio), apostei que o concurso do STJ seria uma grande oportunidade pela possibilidade de elevadas nomeações, tanto para a área judiciária, como é de praxe, quanto para a área administrativa.
Matheus – O STJ representa muita coisa para mim. Minha Vó, Cilea Barreto Sartório, construiu uma linda carreira no tribunal, com muita batalha e determinação, aposentou como Assessora de Ministro e teve outras funções muito importantes, como elaboradora de prova para os concursos internos que ocorriam na Corte à época. Além disso, tive a oportunidade de estagiar no Setor de Registros Funcionais, com o Sr. Álvaro Fuzaro, excelente gestor, que muito me agregou, me mostrou toda qualidade de vida e valorização que o servidor tem no Tribunal. O que já era um sonho, se tornou obsessão. Minha 1ª oportunidade depois do estágio foi exatamente nesse concurso, quando decidi me empenhar 100%, com total dedicação e foco, o que me rendeu o 7° lugar.
ANAJUS– Quanto tempo você se preparou até alcançar essa aprovação e qual foi sua rotina de estudos?
Hingrid – Apesar de ser formada em Direito, no ano de 2024 decidi fazer uma transição de carreira e direcionar os meus estudos para a área administrativa. Tive muita afinidade com a maioria das matérias, apesar de ter que aprender algumas delas do zero. Por esse mesmo motivo, quando surgiu a notícia de que sairia o concurso para o STJ, foquei em não só revisar as matérias que eu já tinha visto, como também aprender as novas, sobretudo estatística, que não era previsível de vir no edital. Na maior parte dos meus dias, ia para uma sala de estudos e estudava no turno da tarde e da noite, de forma bem intensa.
Matheus – Minha trajetória para concurso iniciou cedo, por volta de 2016. Mas por morar sozinho desde os meus 18 anos, sempre tive a necessidade de conciliar estudo com trabalho, o que alongou o meu tempo de preparação. Foi em 2021, quando tomei a decisão com minha esposa de ir para o interior, onde meus sogros puderam nos acolher, que pude me dedicar 100% aos estudos. Em pouco mais de 1 ano de preparação, iniciei estudando para o Banco do Brasil, mas faltou um pouco para classificação. Depois foquei para o TJGO, me classifiquei no final do cadastro e acabei sendo chamado recentemente. Colhi outras aprovações como da FUB (Fundação Universidade Brasília) e Telebras, onde estou atualmente. Quando entrei neste concurso decidi que teria um tempo de descanso e depois focaria para o que realmente queria, tribunal, que culminou na prova do STJ.
ANAJUS – Como você se sentiu ao ver o seu nome na lista de aprovados e depois, a sua vaga ser convertida para outra área que não a sua?
Hingrid – Fiquei extremamente feliz ao ver meu nome na lista de aprovados, principalmente porque considerei a prova bem desafiadora, incluindo a discursiva, que abordou um tema bem específico da LRF. À época, muito se falava sobre a expectativa de que o STJ chamaria mais analistas judiciários da área administrativa do que nos concursos anteriores, tanto pelo fato de não ter aberto concurso para técnico administrativo, quanto pela necessidade do Tribunal em recompor o quadro de servidores da área meio.
Eu sabia que não seria nomeada de imediato porque havia 8 cargos vagos e na ordem de convocação eu estava em 25º, mas acreditava que não demoraria muito. A minha esperança era de que, após a nomeação dos 8 cargos disponíveis e da aprovação do PL 4303/24, o déficit de servidores da área meio fosse suprido com algumas vagas transformadas de técnico administrativo, o que me deixaria mais perto ainda da realização do sonho de ser nomeada.
Pensar em um primeiro momento que os sacrifícios e empenho dedicados durante os anos de preparação tinham um prazo para ter fim e que novos projetos e desafios iriam surgir foi motivo de alívio. Foi por isso que a publicação da Portaria nº 264 foi tão frustrante. Para mim, foi extremamente difícil redirecionar as expectativas e possibilidades que haviam sido criadas após a aprovação, sobretudo em razão da intensa carga emocional envolvida.
Li e reli várias vezes até acreditar. Depois, foi esclarecido que a necessidade imediata do Tribunal era a de recompor a área fim, o que, de certa forma, me fez acreditar e torcer para que em breve o Tribunal se volte para a recomposição da área meio, que também está defasada e tem sua importância para a prestação jurisdicional. Agora, torço para que esse raciocínio esteja correto.
Matheus – Um dia de euforia, alegria, realização de um sonho. Nunca vou esquecer todos os dias que passei acompanhando o “olho na vaga”, todas as noites que sonhava com a nomeação, planos, pensamento de como poderia me especializar nas áreas que gosto, como poderia ajudar o tribunal. Tudo isso acabou virando um grande “pesadelo” quando saiu a portaria que tirou os cargos de AJAA. Foram dias de tristeza, pouco sono, medo, questionamentos.
Passado o pior momento, formamos nossa comissão e fomos ao tribunal conversar com quem mais precisa da gente, a área-meio. Levantamos informações de necessidade dessas áreas por meio do portal da transparência, do Termo de Referência do concurso e dados das origens dos cargos de técnico vagos.
Resultado: a área-meio precisa, e muito, de nós. É por isso que hoje lutamos, sabemos da necessidade do órgão pela área-fim, mas isso não anula toda demanda que vimos na área-meio também. São várias áreas que movimentam o tribunal e fornecem todo suporte para seu funcionamento. Sem ela, a própria área fim não funciona. E vimos e sentimos o clamor dessas áreas por nós, ao mesmo tempo que nosso sonho era poder atender a essa necessidade, agregar valor e competência a uma corte tão importante para a nação brasileira.
Hoje viemos pedir para que a gestão do tribunal não nos abandone, somos vidas que lutaram para poder realizar este sonho, poder não só ser um número no tribunal, mas integrar o time de core compentece. A área meio precisa de nós, e estamos prontos para enfrentar os desafios de tornar está corte ainda maior.
ANAJUS – Como conheceu a ANAJUS? E de que forma acompanhou a atuação da associação durante esse processo?
Hingrid e Matheus – Conhecemos a ANAJUS após o início das tratativas direcionadas à aprovação do PL 4303/24. Por meio de outros aprovados, soubemos que havia convergência entre os nossos interesses com os da associação, e que por isso, ela estava empenhada em nos auxiliar nesse processo. Após, começamos a acompanhar a atuação da ANAJUS pelas redes sociais e pelos comunicados enviados pelo grupo da Comissão Mista de aprovados.
ANAJUS – Na sua visão, qual a importância de ter uma entidade como a ANAJUS, que atua na defesa da carreira e dos direitos dos analistas judiciários?
Hingrid e Matheus – É fundamental que toda carreira pública tenha uma entidade sólida para atuar em prol da preservação e ampliação dos direitos dos servidores. Quanto aos analistas judiciários, tendo em vista o seu protagonismo no funcionamento dos órgãos judiciais, a defesa da carreira e das condições de trabalho mostram-se ainda mais relevantes, especialmente nos casos de interpretações normativas indevidas ou de atos que resultem na desvalorização dos servidores.
Essa atuação promove o fortalecimento do elo entre os servidores e as instituições, facilitando o diálogo, a cultura de unidade e, consequentemente, a melhora da qualidade na prestação judicial.
ANAJUS – Qual conselho você deixa para quem está se preparando para o concurso ou sonha em seguir o mesmo caminho que você trilhou?
Hingrid – Acredito que todo sonho deve ser incentivado, mas é importante considerar que dificilmente a trajetória será linear. Pelo contrário, é cheia de altos e baixos e, paralelamente, a vida vai acontecendo. A determinação e a persistência só serão constantes se houver o otimismo, mesmo que mínimo, de que a nomeação virá e que todo esforço será recompensado.
Matheus – O segredo da aprovação é constância. Hoje temos várias ferramentas, cursinhos e excelentes professores que nos auxiliam nessa jornada, mas o bom estudo sempre foi e sempre será aquele que tem constância. Como minha vó sempre me disse: “o bom professor quem faz é o aluno”, devemos ter consciência que controlamos nosso esforço, mas nem sempre o resultado. Siga sempre firme, grande dia chegará.
*Publicação autorizada pelos entrevistados.
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