Sob pressão de greves em massa, o presidente apelou: “Eu apelo aos servidores, reconheço o trabalho de vocês, mas a greve não vai ser solução”

Anajus Notícias
26/05/2022

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recuou do reajuste diferenciado às categorias de segurança pública e afirmou que concederá reajuste geral de 5% a todo o funcionalismo público. Ele também apelou para que os servidores não façam greves. Em contrapartida, uma série de manifestações está prevista para a próxima semana por iniciativa de entidades dos servidores federais, incluindo os Analistas do  Poder Judiciário e do Ministério Público da União.

“Não posso dar um corte linear. Tem ministério que tem programas estratégicos. Eu não posso, por exemplo, diminuir alguns programas da Defesa que são enquadrados como tal. Vou cortar onde? Saúde e educação? Vai ter que ser cortado de algum lugar”, disse a jornalistas na saída de uma igreja em Brasília, na manhã desta quinta-feira (26/5).

Segundo entidades dos servidores, o prazo a ser observado para concessão de reajuste à categoria é 4 de julho, ou seja, 180 dias antes do fim do mandato do presidente – data limite para sanção da lei concessiva de qualquer tipo de reajuste.

A ideia inicial do presidente era conceder uma porcentagem maior às carreiras da segurança pública. Contudo, a maioria do funcionalismo se mobilizou para reivindicar sua fatia no bolo. Eles pedem aumento acima de 20%, para compensar o congelamento dos últimos anos durante a pandemia.

Sob pressão de greves em massa, o presidente apelou: “Eu apelo aos servidores, reconheço o trabalho de vocês, mas a greve não vai ser solução, porque não tem dinheiro no Orçamento. Eu sou o primeiro presidente a ter teto no Orçamento. Outros não tinham, poderiam reajustar, eu não posso”.

Reajuste “um pouco maior”

O presidente da República também afirmou nesta quinta-feira que os servidores do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) terão um reajuste “um pouco maior”.

Bolsonaro acrescentou outra exceção: a cúpula da Polícia Rodoviária Federal (PRF) passará a ter isonomia com o topo dos agentes da Polícia Federal.

Ele tem sido pressionado por policiais a entregar a reestruturação das carreiras prometida no ano passado, mas a medida não deve sair do papel.

Greve de servidores

Apesar do fim da greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nesta semana, ainda há quatro categorias que estão de braços cruzados: do Banco Central (BC), do Tesouro Nacional, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério do Trabalho e Previdência.

Os grevistas dizem que o reajuste de 5% é insuficiente e pedem 27% de reposição salarial, devido à inflação acumulada desde 2017.

O Banco Central chegou a enviar ao Ministério da Economia uma proposta de Medida Provisória que previa um reajuste salarial de 22% para analistas e técnicos do órgão a partir de junho, mas recuou logo depois porque a proposta causou mal-estar na pasta comandada por Paulo Guedes e foi considerada uma “vergonha” por membros da equipe econômica.